Ele saía do quarto com seu velho caderno em punho, feliz com um novo texto, um poema, uma história ou uma poesia. E buscava atenção do primeiro que encontrasse, a mãe, o pai, os irmãos, a avó, buscando quem ouvisse, mas logo era despistado, quase ignorado. Ele precisava se expor, gritar, dizer, mostrar o que viera de seu mais profundo sentimento… mas as pessoas que estavam ali não lhe tinham ouvidos, não podiam, não alcançavam a emoção com que falava das coisas. Não era por mal, eles simplesmente não entendiam aquela linguagem que remetia a sonhos e alturas de uma alma livre.
Sentava-se perto de um e declamava ardoroso seus versos, com sentidos dos mais profundos… dizia da vida, dos significados, com os olhos fartos de lágrimas e emoção. E mesmo assim, aquelas pessoas se mantinham passivas, assustadas e intocáveis… como se não o conhecessem, como se dele fossem distantes, como se vivessem noutro pais, noutra terra e cultura.
E por tudo aquilo, por não encontrar eco, resposta, retorno, sentia forte dentro de si que seu lugar não era mais ali.
nilson jr