É de estontear… um bebê de 8 meses morreu, na noite desta segunda-feira (30), ao ser jogado pela própria mãe do 6º andar de um prédio no Centro de Curitiba. A mãe da criança, Tatiane Damiane, de 41 anos, foi presa em flagrante após confessar o crime. O pior disso foi que teria dito que precisava se livrar do “pacote”.
Segundo as primeiras evidências, a mulher apresenta muita desorientação e sinais de ser desequilibrada.
Estando ou não perturbada, o fato é que a motivação principal daquela jovem senhora para praticar o ato, foi “se livrar”, daquilo que chamou de “pacote”.
É preciso parar diante de um acontecimento desses e perguntar se a causa desse lamentável episódio não tem percorrido o imaginário popular, se de alguma forma, a sociedade em que vivemos, não age como uma mãe lunática, descartando pacotes indesejáveis.
Os ‘pacotes’ são variados… e, dentro da nova sociedade – que se caracteriza por valores como mercado, disputa, poder, ganho, sobrevivência – são identificados como discordantes, diferentes, descontentes, protestantes.
O fato extremo é confundir gente com pacote e, para “mal dos pecados”, isso é recorrente. No porão da justiça social e cristã, ocorrem os descartes… de pessoas, famílias, crianças, jogadas à margem dos processos… porque “não atendem” interesses e demandas.
Pessoas são transformadas em “pacotes” sob a forte alegação de que nem todos/as se enquadram em todos os lugares, que existem exigências para aceitação e manutenção de quadros, de que no mercado, há de se ter silhueta adequada para cada ação, ou seja, existem causas comerciais, técnicas e econômicas para justificar os descartes, as coisas não são feitas ao bel prazer… existem motivos que justificam o lançamento de pacotes pela janela!
Como cristão penso em Jesus e em seus critérios… no relacionamento com os discípulos… pessoas tão humanas quanto nós… como deve ter sido complicada a convivência com Pedro, em seu impetuoso modo de fazer as coisas – quantas situações difíceis deve ter protagonizado – Judas, com sua malícia… mas Jesus resistiu ao que podemos chamar de “tentação de lançar o pacote pela janela”.
Afinal, é preciso aceitar que de diversas maneiras, somos todos/as pacotes, falhos, pobres e defeituosos, mas creio que muitos/as discordam de mim, envaidecidos/as de suas qualidades e virtudes.
Mais que isso, somos, em Cristo, pacotes recuperados das quedas que as janelas da vida, do mercado, do preconceito e do desamor nos causaram. Cada um/a de nós tem janelas e tombos pra contar!
E se não aceitamos isso, como parte de nossas vidas, somos passíveis do desequilíbrio e nos tornamos lunáticos/as… assassinos/as em potencial… porque, no conceito cristão, quem mata não é somente quem lança o/a outro/a pela janela, mas, quem pensa em lançar!
Espero que tenhamos a lucidez de olharmos aquela mulher enlouquecida e desorientada com tristeza, por ela e por nós, porque, repetidamente somos portadores/as da mesma loucura… pois, se não na prática, na intenção mais íntima, somos assassinos/as também, no devaneio de querermos e, muitas vezes conseguirmos, tirar pessoas do nosso caminho de ambição.
Que Deus nos perdoe… e nos livre de nós mesmos/as.
Rev. Nilson.
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